quarta-feira, 23 de julho de 2014

Quem foi o verdadeiro Robin Hood?


Um grande herói que se confunde com a própria história do Reino Unido da Grã-Bretanha. Justo e justiceiro, era um anti-herói, roubando dos ricos para distribuir entre os pobres. Para os nobres, um terrível criminoso; para os miseráveis, um verdadeiro santo. Robin Hood chegou até os dias de hoje como uma lenda quase viva graças ao cinema, aos livros, aos gibis e à televisão. Mas será que este homem realmente existiu?

Segundo nos reza a lenda, Robin Hood viveu nos tempos do Rei Ricardo Coração de Leão (foto abaixo), também conhecido como Ricardo I, que governou a Inglaterra durante a Idade Média, entre 1189 e 1199. Robin era extremamente ágil no arco e flecha, vivendo escondido na floresta dos arredores de Sherwood.


De acordo com o que chegou até nós pelo folclore inglês, ele e seu grupo vagueavam na floresta como um acampamento cigano, ou seja, sem residência fixa e sempre fugindo das autoridades. Por supostamente roubar caravanas de comerciantes ricos e distribuir a rés furtiva entre os miseráveis, ganhou o status de um dos maiores heróis ingleses e a alcunha de “príncipe dos ladrões”.

Vale lembrar que naquele período a pobreza era extrema entre os feudos de toda Europa. A população trabalhava para pagar impostos aos senhores feudais, à realeza e à Igreja, além de dividir parte da produção agrícola de subsistência. A miséria, a fome e a doença eram companheiras constantes dessa população; é por isso que esta figura teria se tornado popular por defender uma camada social até então “invisível” nas prioridades dos governantes.


Como nos conta a lenda, Robin Locksley, filho do Barão Locksley, é um cruzado que vê sua família ser destruída pelos ministros do Rei Ricardo I. Não tendo onde morar, ele encontra um grupo de homens que vivem na floresta e os lidera em uma batalha contra aquele regime. Ele quer reaver sua posição nobre e também ajudar aos que se tornaram pobres graças a ganância da nobreza.

É importante pontuar, que naquele tempo, era bastante comum algumas pessoas viverem nos bosques – mesmo sob o risco de morte iminente em invernos extremamente rigorosos. Essas pessoas eram consideradas errantes porque não estavam inseridas no que se entendia por civilização, uma vez que não pagavam os impostos e nem iam à igreja.

Na história, Robin Locksley ganha o apelido “hood” por usar um tipo de chapéu com pena, cujo nome é em inglês. Ele vence os nobres de John e casa-se com a sobrinha de Ricardo Coração de Leão. O “príncipe dos ladrões” volta à nobreza sendo aclamado cavaleiro.


Uma das primeiras referências a Robin Hood é um poema épico conhecido como “Piers plowman”, escrito por William Langand em 1377, portanto já em tempo bastante distante dos fatos, em uma época que a narrativa oral era muito recorrente – quem conta um conto, sempre aumenta um ponto. Em 1400 já era uma lenda bem comum em toda Inglaterra

Para quem vive atualmente em Nottingham , cidade no centro do Reino Unido, e que serviu de cenário para a maior parte dos encontros e desencontros do grupo, Robin continua vivo. Além de várias estátuas, há ruas batizadas com nomes de personagens do folclore, além de um festival anual dedicado a ele. Há até uma possível sepultura, onde está escrito em inglês arcaico: “Aqui jaz Robard Húdhe”.


De acordo com os historiadores, a existência de um Robin Hood não pode se embasar em folclores, mas sim em documentos. Muito do que se tem de material, como a tal sepultura, foi forjado no século 15. Segundo os registros de comparecimento aos tribunais, podem ter existido vários “príncipes dos ladrões” na mesma época; há pelo menos seis homens diferentes que, nestes registros, afirmam ser Robin Hood. Talvez eles tenham se apropriado da fama de anti-herói.

Existem muitos candidatos a ter em conta, e se quiser acreditar que Robin existiu. De acordo com a investigação de Joseph Hunter, em 1852, Robin era Robert Hood e tornou-se fugitivo por ter ajudado o Conde de Lancaster, que se rebelara contra a cobrança abusiva de impostos do Príncipe João, que por sua vez, usurpara o trono de seu irmão, o Rei Ricardo. Em 1998, Tony Molyneux-Smith publicou um livro onde sustenta que a origem da lenda é Robert Foliot, lorde de uma família que escolheu usar o nome de Robin Hood para esconder a sua verdadeira identidade como proteção numa sociedade violenta.


Em todos os casos, o herói escolheu a vida clandestina da floresta depois de ter sido injustiçado e a sua opção faz escola, acabando por formar um exército com o qual se opõe à maldade que o rodeava. Os pobres veem-no como livre e generoso, os ricos e poderosos temem-no. Na história de Pyle, tal como em muitas outras, Robin veste de verde, maneja o arco como ninguém, não teme nada e vive livre e feliz, rodeado de amigos que se ajudam a cada nova ameaça.

A lenda espalhou-se primeiro nas baladas medievais, passou aos poemas e chegou ao teatro. A história foi escrita, ilustrada, encenada e filmada vezes sem conta até se tornar eterna. Mas como notou o escritor Roger Lancelyn Green, foi só no final do século 18, depois de as baladas, romances e peças antigas serem coligidas e reimpressas por Joseph Ritson, um amigo de Walter Scott, que Robin Hood entrou realmente na literatura.[fonte]

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